Grupo do Professor Marcelo Mori publica artigo no importante periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS)
O grupo do Professor Marcelo Mori publica artigo no importante periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) mostrando que o exercício físico induz biogênese de microRNAs no tecido adiposo para conferir flexibilidade metabólica e melhorar a performance.
A obesidade e o envelhecimento aumentam o risco de distúrbios metabólicos. Por outro lado, intervenções como a restrição calórica e o exercício físico trazem diversos benefícios à saúde, em grande parte por tornar a resposta metabólica do organismo mais eficiente e robusta frente ao estresse. Uma característica comum à obesidade e ao envelhecimento é a redução da biogênese de microRNAs no tecido adiposo, decorrente da diminuição da expressão de uma enzima fundamental na via de síntese desses RNAs pequenos – a endoribonuclease do tipo III chamada DICER. Anteriormente havíamos demonstrado que a restrição calórica aumenta a expressão de DICER no tecido adiposo e isso é necessário para que vários benefícios promovidos pela dieta aconteçam.
Neste trabalho, que tem como primeira autora Bruna B. Brandão e como supervisor, o Pesquisador Principal do OCRC, Marcelo Mori, observou-se que o treinamento físico aeróbico resulta em efeitos similares em camundongos e humanos, levando a um aumento de DICER no tecido adiposo de uma forma dependente da ativação da enzima AMPK no tecido adiposo e no músculo. AMPK é um importante sensor metabólico que sinaliza para as células quando há um déficit energético. Essa sinalização que leva à indução de DICER no tecido adiposo também envolve moléculas circulantes, já que a administração de soro de animais treinados em animais sedentários é suficiente para induzir a expressão de DICER.
O aumento de DICER no tecido adiposo é necessário para que haja aumento da expressão de dezenas de microRNAs, os quais participam no controle da utilização de nutrientes no tecido adiposo em resposta à sinalização do exercício. Um desses microRNAs é o miR-203, que controla a utilização de glicose pelo tecido adiposo. A utilização de substratos pelo tecido adiposo precisa sofrer um ajuste fino durante e após o exercício, uma vez que nessas situações de déficit energético a maior parte desses substratos vem do tecido adiposo e é consumida pelo músculo. Sem microRNAs, o tecido adiposo passa a consumir muita glicose. O músculo então responde readaptando o seu metabolismo frente à limitação de substratos energéticos. Este cenário causa inflexibilidade metabólica no organismo, contribuindo assim para disfunção metabólica, prejudicando a perda de peso em resposta ao exercício e diminuindo a performance em resposta ao treinamento físico.
Link para o artigo: https://doi.org/10.1073/pnas.2011243117