Pesquisadores do OCRC publicam artigo, fruto do mestrado de Isabela Solar, na importante revista Endocrine
A doutoranda Isabela Solar e colaboradores publicaram o artigo “Short-chain fatty acids are associated with adiposity, energy and glucose homeostasis among different metabolic phenotypes in the Nutritionists’ Health Study”, na revista Endocrine. O artigo é fruto do trabalho de mestrado da Isabela que contou com a orientação da Profª. Ana Carolina Vasques e coorientação do Prof. Bruno Geloneze, além da colaboração dos Prof. Dennys Esper Cintra da UNICAMP, Profª. Sandra Ferreira da USP e a equipe do Nutritionist Health Study – NutriHS.
Para contextualizar e mostrar a importância do trabalho, Isabela relata: A obesidade caracteriza-se por sua etiologia multifatorial e por uma apresentação heterogênea entre os indivíduos acometidos, cuja fisiopatologia ainda apresenta lacunas a serem compreendidas. O reconhecimento dos diferentes fenótipos metabólicos da obesidade – “obeso/sobrepeso metabolicamente saudáveis” ou metabolically healthy obese e “peso normal metabolicamente não saudáveis” ou normal weight metabolically unhealthy tem proporcionado um modelo humano ímpar de estudo para a compreensão dos mecanismos subjacentes que promovem o ganho de peso, o acúmulo de gordura corporal e o desenvolvimento das alterações e doenças cardiometabólicas relacionadas à obesidade.
“Considerando a potencial capacidade de modulação das homeostases energética e glicêmica pelos ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) produzidos pela microbiota intestinal a partir da fermentação das fibras dietéticas, uma série de questões que permeiam o metabolismo dos AGCC ainda precisam ser investigadas em humanos. São escassos estudos em humanos que investigaram a associação dos AGCC com parâmetros de homeostase energética (gasto energético de repouso, flexibilidade metabólica e oxidação de substratos energéticos) e glicêmica (resistência à insulina e secreção de insulina), assim como nos diferentes fenótipos metabólicos da obesidade.”, diz Isabela.
Para este estudo de delineamento transversal foram coletados dados de 111 mulheres, sendo 38 com peso normal metabolicamente saudável, 19 com peso normal metabolicamente não saudável, 32 com excesso de peso metabolicamente saudável e 25 com excesso de peso metabolicamente não saudável. As voluntárias passaram por teste de refeição mista padrão associado à calorimetria indireta para avaliar a homeostase glicêmica e homeostase energética (flexibilidade metabólica, quociente respiratório em jejum e gasto energético), bem como foi realizada avaliação da composição corporal por DXA e foram coletadas amostras sanguíneas e fecais para avaliação dos principais AGCC (propionato, butirato e acetato).
Na amostra estudada, as voluntárias com peso normal metabolicamente saudável apresentaram maiores concentrações de propionato comparadas aos grupos com excesso de peso metabolicamente saudável e excesso de peso metabolicamente não saudável. Além disso, as concentrações de acetato e propionato fecal estiveram correlacionados negativamente com gordura visceral e gordura corporal total, bem como os AGCC totais fecais e sanguíneos estiveram correlacionados negativamente com glicemia, insulinemia e hemoglobina glicada. No entanto, os AGCC totais sanguíneos e fecais apresentaram correlação positiva com gasto energético, oxidação lipídica e secreção de GLP-1.
Como conclusão, a autora resume: “pode-se observar que não foi possível detectar diferenças nas concentrações de AGCC entre os dois grupos com excesso de peso, o que pode ser reflexo de terem sido consideradas pessoas mais jovens e com alterações leves nos indicadores de saúde cardiometabólica. No entanto, os resultados reforçam o importante papel dos AGCC fecais e sanguíneos em componentes relacionados à melhora da glicemia e do gasto energético. Além de também estar associado ao menor percentual de gordura corporal total e abdominal.”
Confira e compartilhe o artigo: https://link.springer.com/article/10.1007/s12020-023-03356-0